Um velho homem se aproxima de uma lápide, trazendo consigo
algumas flores brancas em sua mão esquerda, caminhando desajeitado e mancando,
com uma bengala na mão direita se aproximava com dificuldade do túmulo, onde se
agachou e deixou por ali mesmo seu bocado de flores brancas meio amassadas.
Ficou olhando para a lápide, por um bom tempo o silêncio permaneceu, até que
tempos depois algumas lágrimas escaparam de seu rosto ofuscado pela tristeza.
Um vento frio soprou neste outono numa pequena cidade
chamada Yale, trazendo um úmido ar. Algumas nuvens se formaram e em pouco
tempo Kirô já estava completamente encharcado pela chuva pesada que veio do
oeste. Lembrando que deveria voltar para a cabana de seu avô imediatamente,
virou-se contra a chuva sem pensar, com uma cesta de amoras nos braços e então
correu, o escuro dominou naquela região pouco iluminada, perto das árvores ele
corria. Já avistando a cabana de seu avô ainda correndo põe a mão no bolso da
jaqueta e pega um molho de chaves já encharcadas pela chuva pesada. Por um
momento se vira para a floresta ao lado que estava completamente escura e
ofuscada pela chuva em seu rosto. Porém algo chama seu olhar um canto mais do
que escuro fica de repente iluminado, por uma cor azulada, ele não vê muita
coisa, mas sente, suas pernas ficam bambas como quando corremos demais e não
nos aguentamos em pé, um cheiro bom invade todos os seus sentidos,
estranhamente ele se sente bem. Após o clarão azul, ele ouve uma voz
chamando-o; - Kirô? Entre ou vai pegar um forte resfriado. – Era seu avô, que o
olhava da porta já aberta da cabana, ele encara a porta por mais alguns
segundos antes de dar os últimos passos em direção dela, seu avô já estava de
pijamas e um casaco, também pegou um guarda-chuva provavelmente para ir atrás
do neto perdido em meio a uma chuva fria e impiedosa. Kirô então foi em direção
à varanda da cabana e deixou que seu avô o tirasse sua jaqueta molhada e
colocasse em um lugar quente e agradável. Logo ambos já estavam sentados cada
um em uma poltrona em frente à lareira. O olhar de seu avô para Kirô o deixava
sem palavras, seu avô sabia que tinha algo errado, porém deixou para lá,
levantou deu boa noite e foi dormir. Ali olhando as chamas destruírem a lenha
estava o rapaz, colocou a mão em seu bolso da calça de moletom e tirou um
pedaço de papel amassado, enquanto abria ouviu um som estranho e longínquo,
como se fosse um som de algo batendo. Logo levantou da poltrona foi devagar até
a janela que estava fechada, destrancou rapidamente (enquanto o som aumentava),
percebeu que o som estava vindo de perto da estrada que o levara para a
floresta mais cedo. Colocou suas botas e sua jaqueta pesada, levou também uma
lanterna consigo, com algumas pilhas ainda intactas e abriu a porta. A
escuridão dominava apesar da chuva já ter ido embora, um ar congelante penetrou
a casa inteira, rapidamente ele fechou e trancou a porta.
0 comentários:
Postar um comentário